quarta-feira, 1 de junho de 2011

Será que existem realmente bons motivos para a traição?

Monogamia faz mais bem ou mal à vida a dois?
Será que existem realmente bons motivos para a traição?

Podemos pensar que as pessoas fazem sexo por diversos motivos, muitas pessoas fazem sexo para conseguir dinheiro, seja no caso de garotas de programa ou de parcerias que cedem no sexo em busca de uma quantia específica ou de um ‘presente’, outros fazem sexo em busca de emprego (ou de manter-se nele) ou de promoção, muitos o fazem para fortalecer a auto-confiança, outros apenas em busca de prazer físico, há ainda os que fazem sexo (e com hora marcada!) para fazer filhos, ou  por obrigação (tenho que comparecer toda semana ou todo mês!).
Mas na verdade todos sabem que a grande busca de sexo tem como ideal  que este seja uma forma de desfrutar do prazer de estar junto de alguém para partilhar um momento especial  ou um  projeto de vida. Mas sempre que falamos em partilhar um projeto de vida pensamos em casamento, estamos em uma sociedade onde as praticas de bigamia ou poligamia são legal e religiosamente proibidas,  e aí vem a tona um questionamento sempre presente, será que monogamia faz realmente bem a vida a dois? Então porque ouvimos  (e vivemos ) tantas infidelidades?
Mas quando ouvimos falar de infidelidade sempre acabamos pensando em homens e mulheres sexualmente insatisfeitos  ou em conflitos matrimoniais. E é verdade que esses motivos são fortes, mas nem sempre são esses os motivos determinantes de uma relação extra conjugal. Muitos podem ser os motivos alegados para uma traição, desde as necessidades de auto afirmação que faz com que as pessoas se sintam desejadas, a necessidade de experimentar ou viver uma aventura e correr riscos, muitas pessoas ainda traem por pressão de amigos(as), parece coisa de adolescentes mas muitas pessoas na idade mais madura precisam mostrar para seus amigos sua ousadia, é engraçado pois nessa seara rolam inclusive, muitas mentiras!

Sabemos que há várias formas de infidelidade, segundo Frank Pittman, ‘Mentiras Privadas’.
Há a ‘Infidelidade acidental’ que pode ter ocorrido por um ‘deslize’ e pode muitas vezes gerar a preocupação e o cuidado para não voltar a acontecer. Há também a ‘Infidelidade crônica’, na verdade sãopessoas caçadoras’, há nessas pessoas uma neurose de busca de prazer, e de afirmação do seu poder de conquista, não há vontade de conhecer alguém diferente, ou insatisfação na relação, há uma mania de trair, e como toda neurose merece tratamento.  

Mas existem pessoas que vivem a ‘Infidelidade romântica’, elas vivem um apaixonamento perdido(ou vários), paixões intensas e desencantos, é como se vivessem em busca de grandes e intensas paixões, mas o que  vivem não é amor.
Na verdade essas pessoas vivem a busca de um ideal de sexo ou de parceiro, outras vezes vivem em busca de  qualidade das relações sexuais, ou na relação de companheirismo e afeto que levem ao encontro de “corpo e alma”, afeto e desejo. Muitas dessas pessoas podem se queixar da monogamia, mas a maioria delas não gosta da possibilidade de que sua parceria também lhe seja infiel. Mas reclamam da monotonia do relacionamento, da perda de interesse, da ‘química que acabou’. Mas o que será que essas pessoas tem feito para resgatar seu interesse e tornar-se interessante ao outro?
Eu sempre ouço de homens e mulheres que me procuram em terapia relatando a perda de interesse ou da atração, da química com sua parceria. As pessoas muitas vezes resistem até a tentar uma reaproximação, como se quisessem resgatar as sensações da paixão incontrolável, alguns chegam a perguntar ‘ eu vou ter que fazer sem vontade de começar?’
Essa é a grande questão, as pessoas muitas vezes se distanciam por  mágoas, por brigas, mas muitas pessoas se afastam porque deixam a rotina tomar conta, por terem preguiça de resgatar ou de começar uma relação.
É ilusória essa idéia de que os relacionamentos se manterão por pura paixão natural, sem que para isso as pessoas tenham que investir, reciclar, reinvestir, em si mesmas, no outro, na própria relação.
Aliás, o mesmo acontece nos diversos aspectos da vida, no trabalho, nas amizades, no estudo, na família, tudo necessita de investimento e crescimento.  É claro que é cansativo tudo que é repetitivo, vestir a mesma roupa, comer a mesma comida todo dia, fazer o trabalho do mesmo jeito, ouvir as mesmas reclamações dos filhos, do trabalho ou do transito diariamente cansariam qualquer um de nós.
Se o casal não se permite mudar, crescer, experimentar coisas novas, a chance da relação se tornar cansativa é muito grande, imagine como você seria previsível (e sem graça) se você fosse igual, pensasse igual e se vestisse igual ao que era há dez anos atrás! Esse sim é um problema que alimenta essa idéia de desprazer relacionada ao casamento e a monogamia. As pessoas são fonte de vida e deveriam continuar explorando sempre seus potenciais, pessoais, relacionais e sexuais!
Mas a busca das relações extra conjugais muitas vezes vem como uma alternativa excitante e ‘econômica’(não financeiramente mas em gasto de energia!) de encontrar fora da relação, em outra pessoa, aquilo que se gostaria de viver, experimentar novas aventuras, reeditar a postura sedutora ou de ser seduzido, resgatar uma excitação em si e no encontro sexual, coisas que nem sempre essas pessoas estão investindo para conseguir em seus relacionamentos.
Muitos(as)  dirão que essa variação estimula a melhorar até o próprio relacionamento, pode ser que funcione para alguns(as) como uma injeção de auto confiança, desde que não sejam descobertos(as) .  Homens e mulheres traem, os homens ainda com uma freqüência maior, é verdade, mas as mulheres também tem buscado nas relações extra conjugais a atenção, o sentir-se desejada e a possibilidade de experimentar coisas novas(sexualmente falando) que no relacionamento marital sentem falta.
A grande questão é que, embora muitos neguem e digam que estamos em outros tempos, muitas pessoas ainda carregam uma formação moral, cultural, religiosa que faz com que essas experiências sejam carregadas de culpa, e aí logo depois do prazer e da excitação vem o conflito, principalmente para as mulheres. E muito dificilmente as pessoas conseguem sair ilesas de traições. A descoberta de uma traição é geradora de muita dor, de raiva e também de culpa, um se pergunta porque foi traído(a), se é por beleza, por  não ser mais atraente,  ou se a outra parte é mais interessante, qualquer que seja o questionamento, a auto estima ficará machucada e precisará de longo investimento para ser reconstruída, e muitas vezes aquele que traiu também se sente culpado por ver a dor que provocou.
Monogamia ou motivos convincentes para a traição? Essa é uma escolha pessoal, não há certo ou errado ou uma única regra a seguir.
Mas é importante deixar claro que homens e mulheres manifestam o desejo de mais intimidade, de mais variações, de experimentar coisas, sejam posições, fantasias, apetrechos eróticos, lugares diferentes, como foi verificado na a Pesquisa de Bem-Estar Sexual Mundial (The Durex Global Sexual Wellbeing Survey) realizada pela Durex, maior fabricante mundial de preservativos, lançada em abril, que foi tema da matéria anterior desta coluna. É ilusório achar que traição trará prazer e a excitação perdida, pois se você nessa nova relação não investir em  mudar sua postura, em breve espaço de tempo você estará com as mesmas queixas e com a mesma sensação de monotonia e perda do clima de paixão.

Sexualidade conjugal: que busca é essa?

Resgatar a Sexualidade na vida conjugal pode ser um investimento interessante, baseado na busca de reencontro bioquímico, que resgate ou seja resgatado no prazer e na cumplicidade de sentir-se através e com o outro, um ser desejado e especial.
                                   
Arlete Gavranic


Um comentário:

  1. Muito interessante este artigo, podemos realmente verificar várias justificativas para a traição, desde o desejo de conhecer algo novo para dar uma nova emoção ao relacionamento, até a busca de revanche pelo fato de ser traído primeiro, o envolvimento de três ou até mesmo mais existe e é bem antigo, mas a meu ver não existem vítimas ou vilões, cada um encara de forma diferenciada e muitos conseguem administrar muito bem e seus parceiros até sabem e aceitam.

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